E eu lá tenho escolha?


Sugestão de musica: https://www.youtube.com/watch?v=7lnUL8DMPkQ 


POV Brunna.
-Ei você não é a conselheira da Hanna?
É assim que me chamam? Desde que me lembro tenho vivido por Hanna. Isso foi uma escolha minha; engraçado que há coisas que nós escolhemos e há coisas que escolhem a gente, mas nós sempre temos a escolha, às vezes parece que não temos, mas nós sempre temos apenas não a queremos enxergar...
Eu conheci Hanna aos cinco anos e desde cedo aprendi que aparência é uma coisa muito importante na nossa vida, aparência não é tudo, mas tê-la e não tê-la é algo que modifica drasticamente seu convívio com as pessoas ao seu redor. Aprendi isso muito cedo.
-Sim, sou amiga dela. - me levanto do chão
-Ótimo- ele abre um sorriso e se vira para pegar alguma coisa na mochila- Poderia entregar isso a ela, por favor?- a minha frente tem uma caixa mediana cor de rosa.
-Claro!- abro um sorriso (já habituado a esse tipo de situação)- Poderia me dizer seu nome?
- Abe Kanauã.
-Ok!- ele vai embora, me sento outra vez ao pé da porta, pego dentro da mochila meu bloquinho e anoto seu nome, tudo guardado... – Tio, já estou indo.
-Vá com Deus filha- levanto, aceno, escola.               
POV Narrador
Hanna é linda desde o dia em que nasceu, não sei bem se isso é possível, já que constatei por mim mesma de que todos os bebes recém nascidos tem praticamente a mesma cara, independente do sexo da criança, mas Hanna já nasceu linda. Ela possui de altura algo perto de 1,66m, olhos castanho-escuros, cabelo castanho-claro, nariz alinhado, boca carnuda, corpo bem feito, postura ereta, doçura e bondade ao falar, qualquer garoto cairia de amores por ela no mesmo instante que a visse. O que mais impressiona a Bruna em se tratando de Hanna é seu cabelo enorme de quase 1m (ela tem uns 85 cm de cabelo), ondulados e tão macios, deve ser um trabalho tremendo cuidar daquilo. Para se prevenir desse trabalho Brunna tem um cabelo bem curtinho, não chega nem ao final de seu pescoço.
- Brunna. -Hanna corre ate sua direção
-Ohayou Hanna-san (Bom dia Hanna-san)- na mesma hora Hanna para. 
- Brunna, se insiste tanto em tratamento especial pelo menos me chame de Hanna-chan- Bruna balança a cabeça em confirmação sorrindo. Existem muitas maneiras de se esconder atrás de um sorriso, dos mais forçados aos mais singelos, que podem significar muitas coisas diferentes, mesmo assim, na presença de Hanna, podendo está deprimida o qual for Brunna não é capaz de lhe lançar um sorriso que não seja um verdadeiro de felicidade, senta-se em sua cadeira e retira a mochila dos ombros.
-Uhm! Hanna-chan tenho algo para você- abre a mochila agora por cima da mesa e pega a caixa cor de rosa
-Um presente? Pra mim?- se senta na cadeira ao lado de sua amiga
-Pensei que já estivesse habituada a receber presente. - entrega
-Sim, mas não esperava nada vindo de sua...
-Esse é do Abe Kanauã.
-Ah sim. - ela abaixa a cabeça por um segundo e volta com um sorriso- A caixa é bem bonita- Brunna sorri de volta. A aula começa. A caixa era mesmo bonita, mas quem a enviou não era a pessoa que Hanna esperava, passou a aula inteira pensando nisso, sem levantar a cabeça por um segundo sequer, naquela noite, jamais foi aberta, e que agora paira em um mar de solidão ao fundo de uma lixeira qualquer, tomada pela escuridão emedo de outros que um dia também foram descartados, sem ao menos ter completado seu proposito...
Ser aberta.
POV Brunna
Meus recreios podem ser considerados de certa forma solitários, prefiro dessa maneira, Hanna sempre vai visitar suas amigas de outras salas e como eu não tenho outros amigos além de Hanna, vivo na companhia de meu MP3 e no conforto que minhas musicas me propõem, não a momento melhor para relaxar, a sim, a aquele...
-Ei aquela ali é a conselheira da Hanna- uma voz ao longe e três garotos correndo em minha direção- Poderia nos fazer um favor?
-É recado ou presente?- tiro o fone
-Na verdade é mais um conselho- fala o outro
-Queremos saber qual é o tipo de cara que a Hanna gosta. – pede o terceiro
-Bem! Em poucas palavras, bonito, inteligente e sofisticado.
-Ela deve gostar de presentes- comenta o primeiro
-Que garota não gosta?- responde o segundo
-Por acaso sabe o que ela gostaria de ganhar?- pergunta o terceiro (sempre em sincronia)
-Que não me falhe a memoria- coloco um dedo no queixo- ela queria um CD-Novela da Sailor Moon, mas na duvida de perfume, ela adora perfumes.
-Obrigado! – agradecem todos ao mesmo tempo, abro um sorriso (Boa sorte!) e depois, primeiro, segundo e terceiro vão embora sem nem perceberem que conversavam com uma garota comum, talvez se só percebessem que conversavam com um ser humano já estaria ótimo, um ser humano que mais parecia uma dessas maquinas fajutas de adivinhações.
É assim desde os meus sete anos, recreios solitários às vezes preenchidos com a presença de um ou outro rapaz interessado em Hanna que vem me pedir ajuda, para doma-los eu ajudo Hanna passando a ela os nomes daqueles que mais parecerem do seu tipo e que não fossem mau caráter, em tempos acabo por me perguntar “Se ajudo todos eles quem é que me ajuda?” e para fugir desses pensamentos me perco em minhas musicas onde acho a resposta de minhas duvidas e a solução dos meus problemas.
You...
You take me down

Spin me around
You got me running all the lights
Don't make a sound
Talk to me now
Let me inside your mind
I don't know what you're thinking, sugar
But I just got that feeling sugar
And I can hear the sirens burning
Red lights turning
I can't turn back now

Mais uma vez deitada ao pé da porta me sinto tão bem como se meu corpo fosse lavado, um peso enorme tivesse sido retirado de minhas costas e minha alma dançasse ao som de “Dangerous”, é sempre tão bom aqui. Ao ser tocada desperto de minha fantasia.
-Você é a conselheira da Hanna não é?
-Sim! Qual o seu nome?
- É Ikeda Kapane - levanto do chão, permanecendo sentada, ele se apoia em um joelho a minha frente-Quero que entregue isso a Hanna- me da uma caixa fina, porem larga com uma fita verde.

-É da mesma escola que a minha?
-Sim!
-E qual é sua sala?- ponho a caixa de lado
-Eu queria manter isso em confidencial.
-Mas como Hanna saberá te procurar?
-Eu não quero que ela me procure.
-Mas por que?
-Olha... Isso não é importante, só preciso que...
-Ei é a conselheira da Hanna. – um grito ao longe e logo cinco ou seis garotos correm em minha direção, ficando em cima de mim. Não é a primeira vez que isso me acontece.
-Ei você é conselheira da Hanna né?
-Pode entregar um presente a ela?
-Sabe o que ela gostaria de ganhar?
-Eu sou Kimura Kamby da sala 1-C e...
-Calma gente, calma, por favor- nunca sei como me portar nessas ocasiões, só aconteceu umas cinco ou seis vezes, mas parece que a cada vez que isso me acontece se torna mais difícil controla-los para falar apenas um de cada vez, como cães adestrados, eu também não gosto que fiquem muito em cima de mim, da à sensação de que vou cair ou pior de que eles vão me atacar. Suspiro fundo.
-Ei seus covardes!- é impressionante a capacidade que uma pessoa tem de controlar uma multidão de gente gritando “Um minuto de atenção” ou em outros casos berrar “Silêncio”, eu sempre fiquei surpresa quando isso acontecia mais surpresa agora, ao ver um espaço a ser aberto para a pessoa em questão passar. Ele me levanta pelo braço com força do chão- Você está bem?
-Sim obrigada.
-Como vocês tem coragem deixar uma garota se sentar em um lugar tão sujo como esse chão- se volta zangado para a multidão, (CN: multidão o caralho, só tinha seis moleques) os meninos ficam encabulados e saem de um a um dizendo que me procuravam depois. Agacho-me para catar minhas coisas.
POV Narradora
-Obrigada pelo que fez, mas não precisava se importar eu gosto de me sentar no chão. – ela se inclina para dentro da loja e grita- Já estou indo tio, até amanha.
-Vá com Deus filha.
-O chão é um lugar sujo, cheio de germes, uma dama não deveria se sentar em um lugar assim.
-Eu não sou uma dama mesmo, então por que se importar?- se ajeita para ir embora.
-Você deveria tentar ser mais feminina às vezes.
Bruna abriu a boca para falar, mas preferiu o silêncio.
-Então o seu nome é mesmo “Conselheira da Hanna”?- faça as aspas quando falar
-Bom, pelo menos é assim que me chamam, agora, o que consta na minha certidão de nascimento é Orihime Brunna. E o seu?
-Nakamura Kaleb.
-É um nome muito bonito.
-Serio?
-O mais bonito que eu ouvi hoje. – andam juntos para a esquerda deixando a rua de lojas para trás.
- Ouve muitos nomes por dia?
-Mais do que eu possa recordar, já é algo bem comum no meu dia-a-dia.
-Por que todos aqueles garotos foram para cima de você?
-Outra coisa também bem comum no meu dia-a-dia.
-Você todo dia é atacada por meninos? – se espanta.
-Não é bem assim, mas todo dia vem meninos falar comigo.
-Você é bem famosa.
-Na verdade minha amiga é bem famosa.
-Quem é sua amiga?
- Hanna de alguma coisa que eu tenho que decidir.
-Nunca ouvi falar, é alguma cantora famosa?
-Não é bem esse tipo de famosa que eu quis dizer, ela não tipo... FAMOSA
-Só todo mundo conhece ela.
-Exato! – ri
-Então o que ela faz para todos a conhecerem?
-Ela desperta certo interesse.
-É bonita?
-Bastante.
-Tai, um dia tenho que conhece-la.
-Por quê?
-Para não ser o único que não conhece aquela que todo mundo conhece – Brunna ri ate precisar recuperar o folego – Sua risada é bonita.
-Serio?
- A mais bonita que ouvi hoje
- Ouve muitas risadas por dia?
-Mais do que eu possa recordar, já é algo bem comum no meu dia-a-dia.
-O que se passa no seu dia-a-dia?
-Eu sou comediante, faço stand-up comedy
-Você é famoso?
-Você não me conhece?
-Não!- mais uma vez é atacada pelas risadas
-Que ultraje vou embora, você não merece o prazer de minha companhia.
– Eu não tó conseguindo respirar.
-Pelo amor de Deus Brunna respira, respira. – cinco minutos se passam e finalmente ela e Kaleb conseguem se acalmar.
-Olha, eu não sei o que você deseja de profissão, mas se você tentar stand-up comedy acho que se sairia bem.
-Você acha mesmo?
-Sim!
-Então eu vou tentar
-Me avise quando tiver um show seu, adoraria ir.
-Se eu emplacar te faço até um discurso.
-Ok! Bem, é aqui que eu moro, gostaria de entrar e tomar um chá?
-Obrigado, mas eu tenho que ir, te vejo de novo algum dia?
-Claro algum dia eu ainda tenho que te apresentar a Hanna.
-Exatamente – ele ri – Tchau Brunna.
-Ate Kaleb- entra e fecha a porta.
POV- Brunna
O ar gelado me revigora e me prepara para mais um dia, quem diria que um erro daria tão certo numa vida toda errada, desde que me entendo por gente lembro-me de ficar deitada ao pé da porta. Há 11 anos o dono da lojinha de conveniência perto de onde eu morava colocou um ar condicionado em sua loja e dois dias depois uma porta com sensor de movimento que se abria na aproximação de pessoas, o único problema é que por um erro de metragem um pedaço do ar condicionado ficou para fora da loja e por ele sai um ar geladinho, depois de descobrir isso ia todos os dias deitar-me no pequeno degrau da entrada no canto cego do sensor que não fazia a porta abrir com minha aproximação, acabei por fazer do dono da loja e sua esposa pessoas queridas a mim que gosto de chamar de tio e tia.
O telefone toca
-Alô?!
-Oi Brunna tudo bem?
-Tudo e vocês?
-Estamos bem, você está em casa?
-Sim, estou saindo pra escola – fecho a porta.
-Você tem compromisso na semana que vem?
 - Estarei livre...
-Ótimo, estamos no Caribe iremos ai na semana que vem, provavelmente na quarta, te levaremos pra almoçar.
-Tudo bem... Um beijo... Tá...  Tchau. – desligo o celular e o guardo na mochila.
(...)                                                                                                                             
Após a aula vou direto ao meu armário, é meu dia de limpar a casinha do hamster Ciência, sim, esse é o nome do hamster, Ciência, criativo não?
- Brunna? – olho em volta procurando quem me chama, Kaleb está a minha direita.
- Kaleb?! Está estudando aqui?
-Sim, eu comecei hoje.
-Nunca achei que nos reencontraríamos tão cedo.
-Nunca achei que te veria levantada, sempre achei que qualquer encontro que tivéssemos seria com você sentada no chão.
-Perai! – sento no chão a sua frente com as pernas em forma de borboleta, faço uma cara de surpresa- Kaleb, você por aqui? – arranco- lhe risadas e o mesmo me ajuda a levantar.
-Tenho que ir agora, mas ainda lhe verei mais vezes, certo?
-Deverei estar sentada nesse momento? – rimos juntos.
-Só se você quiser – sorri – Tchau!
-Até! –fecho meu armário e sigo para a sala onde se encontram os materiais de limpeza. É uma pequena porta que abre para duas estantes e um suporte de aspirador, o mais impressionante é que mal há espaço para os materiais de limpeza os quais pertencem à sala (ou a sala pertence a eles?), mas couberam duas pessoas, melhor, couberam duas pessoas transando – Perdão eu... Hanna? – não esperei uma resposta fiquei tão assustada que fechei a porta e sai correndo. Corri que nem uma desesperada até a loja de conveniências.
-Está tudo bem minha filha? – pergunta o tio a me ver na porta.
-Sim... – digo ofegante - Tio me da um sorvete?!
Fiquei uns vinte minutos dentro da loja aproveitando meu sorvete e pensando na vida, meus pensamentos eram:
1-      Eu sei que Hanna já teve vários namorados e que já saiu com vários meninos, mas eu também tinha quase certeza de que ela era virgem, não acredito que alguém vá ter sua primeira vez na sala de materiais de limpeza da própria escola e fazendo sexo anal e em pé, ou seja, não é a primeira vez dela, com quantos meninos ela já transou? Quando ela ia me contar? Se é que ia me contar, por que ela não me contou? Com quem foi sua primeira vez? Duvido que tenha sido com o primeiro namorado, aquele pastel, se bem que tenho pena daquele pastel...
2-      Como eu consegui correr da escola até aqui?
3-      Buceta esqueci minha bolsa no armário.
4-      Caralho, eu não limpei a gaiola, como é que eu vou me explicar amanha, como é que a Hanna vai me explicar isso amanha? Ela vai ter que se virar e eu também, que saco. Esse tipo de coisa me cansa só de pensar, por que tinha que acontecer comigo?
- Tio posso tomar mais um sorvete? – pergunto cabisbaixa
-Claro, de que você que? - sorrio
(...)
Quando cheguei à escola no dia seguinte o clima estava normal e eu estava estranhamente calma para começar a aula, peguei minha bolsa que teve uma graciosa noite de sono dentro do armário e fui para minha classe.
-Bom dia alunos sentem e vamos começar a aula.
A primeira aula passa, a segunda também e logo não demora muito para o intervalo, não fui perturbada por meninos e nem tão pouco abordada por Hanna que preferiu manter a cabeça baixa durante todas as aulas que tivemos juntas, meu dia foi extremamente tranquilo, ao final da aula fui olhar o hamster, sua caixinha esta limpa, será que Hanna havia limpado para mim ontem? Tenho que lembrar-me de agradecê-la, assim que as aulas acabaram fui à loja do meu tio.
(...)
-Foi por isso que você estava agitada ontem? – tia me serve uns biscoitos.
- Sim – tento dizer com a boca cheia
-Ora quem diria, sempre achei que Hanna fosse uma moça tão boa – responde meu tio fazendo todo o esforço que sua gordura o permite para empilhar caixas.
-Eu também não esperava por tal ação.
-Mas e você minha filha?
-Eu? Eu ainda sou virgem tio.
-Não, não quis dizer isso- para um pouco e seca o suor que desce sem cessar por sua testa – Tem alguém tomando conta do seu coração?
-Deus? – encho a boca mais uma vez                                              
- Você entendeu o que ele perguntou – tia senta ao lado de seu marido, sorrio.
-Tenho não, ninguém me interessa, mas também ninguém se interessa por mim.
-Isso não é verdade, nós nos interessamos por você.
-Vocês entenderam o que eu disse.
-E aquele garoto? – pergunta tia
-Que garoto?
-O que vimos andando ate sua casa dia desses – responde tio
-Kaleb? É só um garoto que eu conheci
-Não pode considera-lo nem seu amigo?
-Não sei dizer ao certo tio, só o vi duas vezes até agora.
-E nada de combinar de se encontrarem novamente? Se eu fosse você já teria agarrado aquele pedaço de mau caminho.
-Então vai lá tia, joga toda a sua seduzencia pra cima dele.
-Se você não for eu vou hein, não duvida de mim não – tia e tio são descendentes de português, cada um pesa perto de 110 a 120 kilos, o que tem de peso tem em dobro de gentileza, bondade e bom humor.
-Vou sentar um pouco lá fora para deixar vocês trabalharem em paz.
-Certo! Ah, Filha?!
-Sim tia? – paro na metade da escada
-Eles ligaram? – pergunta tio
-Sim, chegam na próxima semana – acenam com a cabeça e vou para a frente da loja, melhor do que a companhia deles e do calor de suas almas, é a solidão e o frio que esse pequeno lugar na calçada me proporciona, fecho os olhos e sonho.
-Você realmente gosta desse lugar, não? – levo um susto despertando do meu transe.
-É um dos melhores lugares de se estar, você me assustou.
-Desculpe, não era a intenção. - se senta no chão ao meu lado
-Creio que não, não me deixa sentar no chão, mas você senta?
-Eu aprendi jovem que não se deve deixar uma dama sentar-se no chão, é falta de educação com ela, para mim estou sendo mal-educado com você nesse momento. – me levanto e pego minha bolsa. – Também não precisava sair, não estava lhe repreendendo. – não era culpa dele, eu apenas não queria prolongar aquela conversa.
-Não tem problema, tenho que ir para casa fazer a lição.
-Você deveria tomar mais cuidado quando senta aqui, hoje fui eu que te assustei, amanha pode ser alguém perigoso – afirmo com a cabeça
-Até.
-Até – acena                             
POV Narradora.
Kaleb enterra a cabeça nos joelhos, suspira fundo, o que se passa com esse coração? Olha em volta, nada, levanta, sacode a poeira em sua roupa e se volta para a entrada da loja, decide entrar.
-Bem vindo! – é recebido com hospitalidade.
(...)
Deitada a cama mais uma vez Brunna sonha, mas seus sonhos não tomam muita forma, então resolve ir tomar um banho, seu celular toca uma, duas, três vezes e não é atendido, até que finalmente sai do banho e o telefone mais uma vez insiste em ser atendido quando finalmente é:
-Alô?
-Oi Brunna é Hanna.
-Oi Hanna tudo bem?
-Mais ou menos, olha eu queria conversar sobre o que aconteceu ontem, você está ocupada.
-Não estou, mas vamos deixar isso para amanha, se não tiver problema.
-Nenhum, então amanha vamos tomar chã naquela loja atrás da escola?
-Pode ser... Ok... Até amanha... Tchau.
Desliga e dorme.
(...)
Novo dia, mais um dia na vida de Brunna e é hora de ir para a escola.
-Já estou indo tio.
-Vai com Deus minha Filha! – acena e toma o caminho da rua.
Ela repete esse mesmo caminho toda à manha, saindo da loja atravessa a rua e chega à praça, uma arvore a sua esquerda e sob seus pés um caminho de paralelepípedos, mais uma rua, ciclovia e depois pátio da escola, caminho repetido todo dia.
-Ai – Brunna cai no chão sentada. No centro da praça há uma fonte que funciona quando que e foi bem perto dela que Brunna se esbarrou em Kaleb e caiu.
-Você realmente nasceu para se rastejar no chão né? – pergunta nervoso e a ajuda a levantar – Não olha por onde anda?
-Perdão, tomarei mais cuidado. – abaixa a cabeça, lhe faz a curva e apressadamente se afasta de Kaleb tomado por raiva, culpa e duvida.
 Aula começa, aula termina e logo chega o fim da tarde marcada pelo chã quente como o sol.
-O chã está muito bom não? – Hanna repousa sua xicara delicadamente sobre o pires a sua frente, Brunna concorda com a cabeça – Ok, Brunna eu quero te pedir desculpa pelo o que você viu, tenho certeza de que te fiz passar por uma situação muito constrangedora que realmente não era necessário, espero que me perdoe.
 -Perdoada.
-Ótimo! – sorri e bebe mais um gole do seu chã.
-Então?
-O que?
-Você não vai me contar?
-Você quer que eu te descreva o que você viu?
-Não, estou falando sobre você me contar sobre seus relacionamentos, foi sua primeira vez? Com quantos garotos você já fez? Quero saber, por que não me contou?
-Você não precisa saber sobre essas coisas.
- Mas eu quero, eu sou sua amiga.
-Não importa quem você seja, eu não vou te falar isso.
- Pensei que não guardávamos segredos uma da outra?
-Você não pode guardar seus segredos de mim, eu nunca disse nada a meu respeito. – Brunna estava chocada, mas preferiu o silencio, não achou que valia a pena prolongar, apenas tomou mais um gole do seu chã.     
-Obrigada por ter limpado a casinha do Ciência.
-Por nada. – seu sorriso chega a aumentar e Brunna não demonstra reação.
-Eles me ligaram, chegam na semana que vem
-E ai?
-Querem me levar para almoçar.
-Será que deu algum problema?
-Não sei.
-Pode me ligar se precisar tá.
-Tá, obrigada. – Hanna balança a cabeça, o chã se estende por mais algum tempo em meio de conversas fúteis e feições falsarias, após isso não se sabe mais nada sobre elas.
Apenas que a confiança já tinha dado tchau e ido embora.
POV Brunna
A semana se finda e na quarta eles chegam. Batem a porta.
-Brunna há quanto tempo.
-Eu que o diga – me abraça apertado.
-Como vai hein guria? – outro abraço forte.
-Muito bem.
-Vamos sair, estou com fome.
-Claro – pego meu casaco, tranco a porta e os acompanho.
Sair com eles dois não deixa de ser divertido, a comida é sempre boa, ganho muitos presentes e escuto todas as milhares de historias sobre suas viagens que tem  a me contar e dessa vez não foi diferente.
-Seu cabelo fica lindo de Maria Chiquinha – passa a mão por meu cabelo
-Obrigada! – respondo.
-E como vai à escola? Tem tido muito trabalho ou dado muito trabalho? – ri de sua piada besta             
-Acredito que um pouco dos dois, mas mantenho minhas medias – eu juro que tentei ri, mas o máximo que pude fazer foi um sorriso falso (Sua piada é muita engraçada).
-E estamos muito orgulhosos de você por isso.                               
-Obrigada! - respondo
-E namorado arrumou algum?
-Ainda não. – por que todo mundo pergunta isso?
-E como vão seus amigos?
-Sim, aquela tal de Hanna, certo? Filha do dono da fabrica de porcelana.
-Ela vai muito bem, estamos todos bem.
-Isso é ótimo. – bate na mesa e pede a sobremesa. – Bem, vamos ao assunto da noite.
-Ainda é tarde meu bem.
-Não interessa, Brunna, você provavelmente sabe por que estamos aqui certo?
-Vinheram resolver problemas financeiros.
- É mais para te deixar a parte de tudo, logo você faz 18 anos e deve estar preocupada com sua situação, certo?
-Sim – mentira – Eu não me importo em trabalhar caso não queiram mais me sustentar.
-Não, a situação é totalmente a inversa.
-Queremos que você herde tudo, já deixamos tudo preparado para que nosso império seja herdado por você, até morremos você continuara na mesma situação em que está após isso já tem gente preparada para tomar conta de todos os nossos bens sem te influenciar, mas tem um porem.
-Que porem?
-Quando você herdar, sua mesada será pesada no desenvolvimento dos lucros, se eles forem positivo você ganha mais e se forem negativo menos, andamos olhando sua popança e vimos que não será um problema para você, você tem economizado tanto dinheiro que já tem praticamente uma mini fortuna.
-Vocês já me dão tudo, eu não preciso gastar dinheiro com nada.
-Você consegue compreender querida?
-Sim!
-Ótimo, vamos te deixar em casa. – comemos a sobremesa, pagaram a conta e me deixaram na porta.
Beijos, abraços, mais uma despedida.
-Frank vem na próxima semana.
-Certo!
-Prometemos vim no seu aniversario.
-Vou esperar. – outra mentira.
-Tchau Brunna – falam juntos
-Tchau mãe, tchau pai. – fecho a porta, enfim acabou, suspiro.
POV Narradora
- Você é a conselheira da Hanna certo?
-Sim! – retira os fones de ouvido
-Pode entregar para ela? – uma caixinha azul é depositada em sua mão.
-Claro, seu nome é?
-Ela sabe meu nome – primeiro se passa na mente da Brunna o porquê Hanna lembraria o nome daquele especifico rapaz no meio de tantos outros e logo fica claro em visto de que ele era o garoto dentro do armário de limpeza.
Uma fina risada foge de dentro de Brunna ao ver o garoto se afastar, tenta colocar os fones, só que mais uma vez é interrompida.
-Oi Brunna! – senta ao seu lado.
-Kaleb, surpresa te ver por aqui.
-É, eu queria te pedir desculpa por ontem
-Por ontem?
-Que eu te derrubei.
-Oh, sem problemas foi um acidente e eu também não estava prestando atenção aonde ia.
-De qualquer forma acho que eu fui meio rude com você por isso eu...
-Hei você é a conselheira da Hanna? – um menino brota ao lado de Brunna que nem ela e nem Kaleb haviam percebido sua aproximação.
-Sou.
-Pode entregar essa carta a ela, já tem meu nome.
-Entrego sim.
-Obrigado. – na carta o nome é Kalawina Herbet
-Você não se cansa de fazer isso? – pergunta Kaleb
-Já estou acostumada – põe a carta ao lado do presente anteriormente entregue.
-Tenho certeza de que me cansaria rápido.
-Cada um tem o seu jeito, mas o que você ia me falar?
-Como assim?
- Você parou em “por isso eu...”.
-Eu te comprei uns doces – entrega uma sacolinha com bombons artesanais.
-Puxa obrigado, não precisava se incomodar.
-Isso não é na...
-Ei conselheira da Hanna!!!
-... da
- Poderia entregar esse presente?
-Claro, é Kenai, certo?
-Exato! Obrigado conselheira.
-Por nada.Desculpa Kaleb, mas tenho que ir agora. – levanta e começa a recolher as coisas.
-Claro, eu entendo, deixe-me ajuda-la.
-Ei, olha é a conselheira da Hanna – um grito ao longe e sete garotos correm na direção de Brunna, todos falando ao mesmo tempo, tentando lhe entregar cartas e presentes para que fossem repassados a Hanna (Aonde eu já vi isso mesmo?).
-Eii! – nada – Eiiii! – mais uma vez sem resposta. - EIIIIIII! – agora funcionou – Quando é que vocês vão perceber que tem duas pessoas conversando aqui? – diz irritado.
-Você e mais quem? - pergunta um dos garotos, sem perceber Brunna já havia pegado todos os presentes e cartas, seus pertencer e ido embora.
-Droga – pega sua bolsa e sai estressado de lá chutando a grama de baixo de seus pés.
Pobre grama, sem culpa, mais uma vitima da ira de pessoas humanas que de nada fazem para preservar a amada natureza e a pobre grama desprezada.
Andando com desenvoltura por meio das pessoas no corredor apertado, carregando algumas caixas e pacotes, desviando dos grupos, sem tropeçar e nem cair, com firmeza e comendo seus doces Brunna consegue alcançar Hanna antes que fechasse o armário.
-Obrigado Brunna, você não sabe como me ajuda – Hanna guarda suas coisas no armário.
-Sem problema – sorri com a boca cheia
-Isso ai é comida?
-É doce, se que um pouco? – pega dois.
-Gostoso.
-Também achei.
-De onde é?
-Eu não sei, eu ganhei esse pacote.
-De quem?
-De Kaleb, hum é verdade, eu o prometi que lhe apresentaria, ainda não tive a oportunidade.
-Uma hora quem sabe.
-Sim.
-Conselheira da Hanna – se ouve ao fundo e logo chega mais perto, ofegante e com uma caixa na mão – Conselheira da Hanna será que podia entregar para... – para de falar assim que percebe que Hanna está atrás de Brunna, fica vermelho, solta a caixa na mão de Brunna e sai correndo na mesma direção em que veio.
-Acho que é pra você – se vira para Hanna que pega a caixa e da um suspiro.
Entram na sala rindo, pelo menos Brunna está rindo.
POV Kaleb
Já faz uma semana que conheço Brunna e tenho que admitir que estou apaixonado por ela e também de que sou um completo idiota. Cada vez que chego perto dela solto alguma lorota pela boca, às vezes me privo de conversar com Brunna para não lhe ser rude, coisa que insisto em fazer, me irrita ver tantos meninos a sua volta, principalmente a tratando como se fosse um animal e eu não podendo protegê-la, tantos garotos a sua volta, sem se importarem com a pessoa com quem falam, mas sim de quem não tem coragem de chegar perto e eu não posso ao menos abraça-la e dizer-lhe que estou ali por ela, que eu gosto dela, que a quero.  Para falar a verdade tenho raiva de mim que posso fazer isso e não faço, sou um covarde. Olho em volta na esperança de encontra-la mais uma vez, nada, levanto-me, bato a poeira em minha roupa e entro na loja.
-Bem vindo! Ora se não é o menino interessado na Brunna, Mariaaaaaa ele chegou – sento-me no banquinho encostado no balcão.
-Kaleb, ela tava ali fora agora, falou com ela?
-Sim!
-E ai?
-A fiz ir embora – abaixo a cabeça
-Tenho certeza de que não foi por você – responde Maria
-Como tem certeza
-Brunna tá passando por uns problemas – responde Claudio, esposo de Maria.
-Que tipo de problemas? – Maria me serve um suco, o mesmo que sempre peço quando vou ali, o casal se olha e depois de uns segundos Maria diz.
-Acho que não tem problema, talvez ele possa ajuda-la. – Claudio suspira.
-Eu vou te contar, mas só se me prometer que não usara isso para prejudicar Brunna.
-De forma alguma – suspira mais uma vez sobre o balcão.
-Vou te contar a historia da Brunna.
Brunna foi deixada a porta de um orfanato com nem uma semana de vida e foi exatamente lá que conheceu Hanna, são amigas desde bem pequenininhas. Era um orfanato pobre com um cara rude que tomava conta das finanças e estuprava as duas mulheres que cuidavam daquela montanha de crianças entulhadas e um pequeno lugar caindo aos pedaços. A regra era a seguinte: Ou você sobrevivia por sua conta ou você morria tentando. Se as mulheres estavam de mau humor, podia esquecer ser alimentado ou pelo menos alimentado direito, Brunna já chegou a passar fome de desmaiar só por que os adultos simplesmente se recusaram a lhe dar comida para ver quanto tempo ela sobrevivia. Foi quando Maria e Claudio inauguraram aquela loja e Brunna passou a frequentar a porta daquele local, o casal percebendo a frequência da criança ali e com o intuito de gentileza passaram a lhe dar algum tipo de comida, como biscoitos, o que não sabiam é que Brunna não comia e sim levava para dividir com quem pudesse no orfanato.
Vivendo daquele inferno o quanto podia aos seis anos Hanna foi adotada por uma família rica que morava ali por perto, todas as tardes vinha com a comida que podia carregar para Brunna e brincavam em um parquinho nas propriedades do orfanato. Com oito anos finalmente Brunna se viu longe daquele lugar ao ser adotada por um casal, Alessany e Luiz Alberto. Ele era um promotor de muito sucesso, já havia ganhado varias causas quando abriu sua primeira impressa de advocacia a impressas nacionais e multinacionais de grande e pequeno porte que lhe rende bilhões e mais bilhões a todo ano, sem falar de suas outras formas de lucro, já ela é dona de uma butique com varias filiais em todo o mundo e dona de varias coleções que ate hoje são muito conhecidas e aclamadas. Podem pensar que sua vida a partir disso passou a ser um mar de rosas, errado, a família não queria uma filha para cuidar, criar e dar amor, mas sim para servir de medalha para gente rica colocar no pescoço e se vangloriar, eles só precisavam dela para dizer que tinham uma filha e melhor que haviam adotado uma, não precisavam dela para mais nada. A única diferença desse casal para os trabalhadores do orfanato é que eles proporcionaram a Brunna mais conforto, deixaram bem claro para uma garota de oito anos que eles não queriam cuidar dela e lhe deram a opção de ir morar onde quiser, ela escolheu um apartamento pequeno próximo ao orfanato aonde ela poderia ficar perto de seus tios e de Hanna. O que me impressiona não são duas pessoas terem a coragem de adotar uma criança apenas com o pretexto de apresenta-la como um troféu, mas sim que essas mesmas duas pessoas colocaram uma criança sozinha dentro de um apartamento e mandaram ela se virar.
Apesar de sozinha não se sentia solitária e no mesmo ano que ganhou um apartamento também ganhou de presente o nome Conselheira da Hanna. Seus “pais” lhe dão tudo, pagam todas as contas e lhe sedem uma mesada mensal, uma vez por mês vai a sua casa um mordomo para fazer-lhe compras de alimentos não perecíveis suficientes para o próximo mês que é quando voltará, e sempre que sua “mãe” termina uma coleção ou há alguma coisa restante em alguma de suas boutiques ela envia para Brunna que as modifica e as veste. E é assim que Brunna tem vivido os últimos anos de sua vida, quando perguntam aos seus “pais” sobre Brunna dizem que ela está em um internato na Europa recebendo a melhor educação possível e que a visitam com frequência, a maior mentira e a mais descarada que já ouvi na vida.
- Você está bem Kaleb? – minhas lagrimas saltavam do meu rosto e escorriam pelo balcão.
-E como eu poderia estar depois de tudo isso? – enxugo um pouco para que possa enxergar a minha frente – Vou para casa – mas o que eu queria mesmo era ir para a casa de Brunna, senta-la em meu colo e ficar abraçado a ela, confessar todo o meu amor e arrumar motivos convincentes para que eu nunca mais precisasse solta-la.
  POV – Brunna
-Como vai Frank? – me esparramo no sofá
- A diferença entre mim é você é a experiência que levo pela minha muita idade, já você pouco vivida é mais inteligente, quanto mais velho mais burro ficamos, mas talvez a vida seja medida na experiência e quanto a vivemos, espero que você dure mais anos do que eu.
-Faz sentido e obrigada.
- Já está tudo pronto – faz uma reverencia, depois chega mais porto de mim e se ajoelha a minha frente – Você vai ficar bem?
-Eu preciso caso não, não terei minhas respostas tão bem formuladas por você – beija minha testa – O que você, ser humano desprezível, faz para merecer viver?
- Como saber que você realmente está vivo?- se levanta e vai embora.
-Tchau Frank! – fazemos essa brincadeira desde que vim morar nesse apartamento, a cada mês que vem fazemos uma pergunta para o outro e no próximo mês temos que responde-la e não pode ser um “eu não sei”.
Levanto-me e vou para a loja de meus tios.
POV – Narrador
No dia seguinte Brunna sentada em seu banco de sempre na hora do recreio recebe uma visita de Kaleb.
-Como se tá? – senta ao seu lado
-Tó bem, há, obrigado pelo chocolate de outro dia estava muito bom.
-Que bom que você gostou.
-Foi você que fez?
-Quem me dera saber cozinhar, não, eu comprei em uma loja. – sorri para ela e a mesma retribui- Você tem um sorriso muito bonito sabia?
-Obrigada! E não.
-Não o que?
-Não sabia que eu tinha um sorriso bonito, você só aprende as coisas quando alguém lhe ensina ninguém nunca me disse isso. – Kaleb fica surpreso com aquilo, queria abraça-la, mas como é um burro, dum idiota, dum incompetente, fez o que? Porra nenhuma.
-Sabe Brunna, eu acho que estou gostando de alguém. – resolveu tomar alguma atitude? Que benção.
-É alguém que eu conheça? – fica curiosa encolhendo os ombros
-Sim! – abaixa a cabeça
-Acho que sei quem é? – você sabe?
-Você sabe? - levanta a cabeça.
-Claro, esteve na cara por tanto tempo e eu não percebi, me desculpe, mas você deveria ter me contado.
-Serio? – seus olhos chegaram a brilhar, Brunna se levanta.
-Não se preocupa. – sai correndo, depois para e se vira – Eu vou voltar – grita e volta acorrer para dentro da escola.
No banco escondido atrás da escola uma pessoa tem um treco e essa pessoa se chama Kaleb, que pensa que Brunna descobriu que ele a ama sem necessitar maiores explicações. Pobre Kaleb.
Brunna corre pelos corredores (faz sentido não?) tentando desesperadamente encontrar quem procura.
-Te achei! – grita
-Que susto – responde com a mão no peito – Por que está tão afobada, estava correndo?
-Sim – tenta respirar – Precisava te encontrar o mais rápido possível.
-Que te houve?
- A mim nada, mas a ti pode acontecer agora. Esta namorando alguém?
-Não.
-Ótimo, pois eu tenho alguém para você.
-Quem seria?
-Um amigo meu, super legal, engraçado e educado, garanto que te será uma ótima companhia, seu nome é Kaleb.
-Ok! – sorri Hanna – Traga-o amanha na sala a de artes na hora do intervalo. – Brunna sorri, o sinal toca e seus caminhos se bifurcam, mas Kaleb? Ah Kaleb, pobre Kaleb, chega atrasado a aula por causa de seu treco.
(...)                                     
O dia passa e se finda, logo o outro chega e como as horas voam mais rápido que um pardal não tarda a chegar o horário de almoço.
-Estava te esperando – diz Brunna ao perceber a aproximação de Kaleb, ela se levanta e toma à dianteira – Me acompanha.
-Para onde vamos?            
-Surpresa!
Brunna continua andando sem olhar para traz, já Kaleb mantem a expressão de duvida no rosto, passam por um corredor de armários e sobem três fileiras de escadas ate chegar ao ultimo andar, passam por três portas e finalmente param. Kaleb está suando frio, não faz a mínima ideia do que ela esta aprontando, mas Brunna tem um brilho nos olhos, uma certeza inquestionável.
-Vai lá – diz sorrindo, Kaleb meio relutante abre a porta de correr e mal percebe quando em uma nuvem de poeira Brunna se desfaz indo para muito longe. 1248
- Você queria me encontrar? – uma sombra vermelha devido à luz solar fala com Kaleb.
-Perdão acho que deve ter ocorrido um engano...
-Você se chama Kaleb? – a sombra se aproxima.
-Sim!
-Então não há erro algum, Brunna nunca erra – finalmente Kaleb percebeu do que se tratava, cruza os braços e encosta-se à parede.
-Você é Hanna?
-Sim, como me conhece?
-Ouvi muito falar sobre sua fama e principalmente a fama de Brunna – cerra os olhos.
-Talvez goste de me conhecer melhor – Hanna está totalmente visível agora, começa a abrir o zíper do casaco.
-Na verdade quero sim, que tipo de amiga você se considera para fazer a Brunna passar por tudo aqui? – ela para na mesma hora.
-Do que está falando?
-Sabe quantos meninos procuram a Brunna por dia?
-Muitos
-Muitos? Milhares deles, eles chegam a se amontoar em cima dela e todos só querem saber sobre você.
-É tão serio assim?
-Nem parece que tem uma pessoa ali falando, tratam-na como um animal, nem sabem qual é seu nome, a chama de “Conselheira da Hanna”.
- Você não sabe do que está falando – abaixa a cabeça
- Não sei mesmo, por que só de olhar já me da nojo, saber sobre isso deverá ser meu pior castigo.
-O que é? Esta interessado na Brunna?  - Hanna se irrita - Ninguém se interessa pela Brunna, ela é só mais uma zero a esquerda que não merece importância.
-E você ainda se considera amiga dela? Que espécie de ser humano putrefato você é? Tem razão, ninguém se interessa pela Brunna, muito menos eu, o que eu sinto por ela é muito mais do que mero interesse.
-Vai me dizer que está apaixonado por aquela pobre coitada.
-Sim, estou apaixonado por ela.
-Pois é, eu também, acha que eu gosto de ficar com todos esses meninos? Eu só faço isso e falo essas coisas para o bem dela, eu sou a única que se interessa pela Brunna, sou amiga dela desde que éramos crianças.
-Isso não é cuidado é egoísmo, você não é amiga dela, amigos não fazem isso uma pena por que ela realmente confia em você. – Kaleb sai da sala irritado.
-Aonde você vai?
-Procura-la, tenho que falar com ela.
-Espera – Hanna grita.
Kaleb desce o mais apreçado possível pela escadaria acompanhado por Hanna que tenta manter o mesmo compasso dele sem sucesso, pois ele é muito rápido, cortam caminho e atravessam o gramado de traz onde se encontra Brunna.
-E ai? – se levanta                                                                                                          
-Qual é o seu nível de down? – agarra Brunna pelos braços e a chacoalha.
-Oi?
-Você acha que eu estou apaixonado pela Hanna?
-Todo mundo se apaixona pela Hanna – balança a cabeça como se fosse obvio.
-Claro que não.
-Mas você me disse que estava apaixonado por alguém que eu conhecia? – consegue se soltar
-E eu estou.
-Ora não conheço mais ninguém sem ser a Hanna – pensativa, põe o dedo no queixo – Então que é?
-Você, eu estou apaixonado por você.
-O que?  - fica irada - Como você pode estar apaixonado por mim? Você só me conhece a uma semana.
-Brunna não de ouvidos a ele, eu sou a única que gosta de você- Hanna recupera o folego.
-Perai, você também gosta de mim?
-Sim – chega mais perto da Brunna e lhe segura às mãos – Eu sempre gostei de você.
-Mas e todos os meninos que você já namorou?
-Só os namorei por você
-Que? – a cada pergunta ela fica mais confusa.
-Você sempre gostou de me aconselhar, de me arrumar namorados, eu ficava com eles por causa de você, para que você ficasse feliz, mas sempre gostei de você – foi à gota d’agua.
-Tá me dizendo que você realmente acha que eu ficava feliz em fazer aquilo? Eu fazia aquilo por você, por achar que você realmente era minha amiga, foi você que me pediu para que tomasse conta dessas coisas por que confiava em mim, mas na semana passada descobri uma coisa que eu nunca soube sobre você e você ainda teve a coragem de virar pra mim e dizer a hipocrisia de que EU não poderia guardar segredos de você. Já estou farta disso, quer saber de uma coisa? Pega essa sua “amizade”, sua falsa certeza sobre mim e teu ego inflado e enfia no meio do seu cú, sua egoísta. E você – se vira pro Kaleb – Você é louco, como pode amar alguém que mal conhece?
Vai embora estressada, estressada é pouco, ela tá puta da vida, fez uma coisa que jamais tinha feito na vida. Explodir. Chegando a casa estressada bate a porta ao passar pela mesma e rodeia a sala pensando no que fazer, decidiu ir tomar um banho para que sua cabeça esfrie e suas ideias voltem ao normal. Um banho gelado era tudo o que mais precisava, a água bate em seu corpo e leva seu stress e lhe renova as forças fazendo-a se sentir leve e calma, depois se veste e vai dormir.
(...)
Desperta, mas não levanta, ainda na cama decide o que fara da vida. Os raios de luz solar invadem seu quarto tomando espaço pelo vácuo e a faz ter consciência de que já é um novo dia, os raios que brilharam em seu quarto ontem já não brilham mais hoje e isso os faz ser especiais todos os dias, vira para a janela e olha para o lado de fora vendo todas aquelas pessoas andando na rua “Por que será que elas vivem? O que será que as fazem acordar todo dia e ir viver? Ou será que elas apenas sobrevivem? Mas se apenas sobrevivem... por que fazem isso? Qual é o sentido na vida delas? Qual é o sentido na minha vida? Será que tem um sentido? Não, tenho que ter um sentido, eu já tive essa conversa com Frank uma vez, para viver precisa ter um sentido, ou ate mesmo sobreviver se precisa de um, se eu sei que vivo então eu tenho um sentido, mas qual será?”. Perdida nesses pensamentos levanta da cama sem pressa, se veste e vai à busca de café, após isso deita ao pé da porta e volta a ser tomada por um bom tempo por seus pensamentos ate que é interrompida...
-Você não foi à escola hoje – diz Kaleb a sua frente
-É eu sei – responde calmamente.
-Por quê?
-Por que não vi motivos para isso – se senta ao seu lado
-Esta brava com a gente?
-Não, pelo contrario, nesse momento sou indiferente a vocês.
-Vai parar a sua vida por causa de dois idiotas como a gente?
-Jamais faria isso, mas sinto que é a partir de agora que vivo integralmente, antes ao sair na rua eu apenas sobrevivia para poder voltar aqui e realmente viver.
-Você tem pensamentos bem profundos.
-Você não?
-Não
-Que pena.
-Irá à escola amanha?
-Acho que não.
-Você não se importa?
-Com a escola? Por que me importaria com um objeto?
-E com o seu saber?
-Na escola só aprendo duas coisas: futilidades que não usarei em minha vida e a vasta ciência do ser humano, já estou farta disso, pretendo aprender coisas novas
- Como o que?
-Como o sentido de viver.
-O seu sentido?
-É isso também seria bom saber.
-Posso vir amanha te ver?
-Se eu disser que jamais quero que me veja novamente, você furaria seus olhos para que não me vesse mais?
-Não.
-Então não há motivo para pedir minha permissão.
-Gostaria de cuidar de você
-Por quê?
 -Por que sempre quero cuidar daquilo que gosto.
-Não preciso de cuidados.
-Sim, mas como disse antes, não irei lhe pedir permissão e amanha volto para cuidar de você – levanta e abana a poeira da calça.
 -E quem vai cuidar de mim enquanto você não estiver aqui? – para e lhe olha nos olhos
-Queria estar ao teu lado a todo o momento para que eu sempre pudesse estar cuidando de você, infelizmente não posso, então torço para que sobreviva ate o tempo em que virei para cuidar de você.
-Esse é o sentido de sua vida?
-Acredito que não, pois te conheço há pouco tempo.
-E?
-Então qual era o sentido na minha vida antes de te conhecer? – ela concorda com a cabeça e o ver indo embora, tomando o caminho contrario ao dela.
(...)
No dia seguinte Brunna esta no mesmo lugar em que estava ontem, decidiu ir para lá pelo mesmo motivo que Sócrates ia para a ágora indagar as pessoas, para saber como funcionam as coisas. Ali deitada ela observa as pessoas andando e tudo no que eles são iguais e diferentes, suas insignificâncias e a grande importância que tem nesse mundo e tudo o que lhes envolve, principalmente seu papel ali, no que ela é ou o que ela faz de importante para essa gama de pessoas?
- Boa tarde – deseja Kaleb, Brunna tenta lhe ver pela claridade que lhe prejudica a visão.
-Qual é a minha importância na sua vida? Ou o que eu faço de importante nela?
-Você me causa dor – se senta ao seu lado.
-Se eu faço isso, por que insiste em me procurar?
-Por que só a dois jeitos de me tirar essa dor, ou lhe arrancando pela raiz ou lhe curando, será que o que é melhor para mim não é ir tomando o remédio corretamente ao em vez de vir com uma tesoura e corta lhe a raiz?
-Não lhe caso mais dor a cada dia que vem aqui?
-Sim!
-Então por que continua vindo?
 - Por que você só me causa dor por estar dolorida, eu cuidarei de você ate que fique boa e assim eu ficarei bem ao seu lado.
-Isso é que é estar apaixonado?
-Acredito que sim – Brunna fica intrigada.
-Quer vim a minha casa e tomar um chã? – Kaleb pensa por um segundo e logo responde.
-Adoraria! – ela levanta e o guia ate seu apartamento.
POV Kaleb
Não consegui acreditar quando ela me fez aquele convite, essa seria minha chance de realmente conhece-la, pego minha bolça e a acompanho pelo mesmo caminho que já havíamos feito juntos uma vez.
-Ei andei pensando bastante no que me disse a ultima vez que estivemos aqui.
-Sobre ser um comediante?
-Sim, andei treinando, quer ouvir um?
-Por que não?
-Esses dias eu estava lendo o jornal nos classificados e tinha lá aqueles anúncios de pais de santo fazendo propaganda e tal... Eu fiquei fascinado com um desses anúncios, não sei se você conhece o Pai Sérgio de Ogum, o fenômeno, o Babalorixa do momento... O cara só pega causas impossíveis. O cara consegue trazer de volta o seu amor em no Máximo 5 horas! Eu fiquei perplexo com a velocidade... “Caralho, ele é mais rápido do que SEDEX!”. Pow inacreditável... Liguei pra ele pra tirar algumas duvidas e perguntei: “Pai Sergio, você é louco por fazer propaganda enganosa?! E se o meu amor morar em outra cidade ou em outro estado? Hein?!”Ele respondeu: “Eu trabalho também com o Skype meu filho! MSN, FACEBOOK, ORKUT, CELULAR... Sou um Pai de Santo conectado!!!”
Ai continuei lendo e achei a Mãe Vitoria de Oxossi... Essa já promete trazer o seu amor de volta em ate sete dias. Ai eu pensei: “Pow, um é mais rápido do que um SEDEX a outra é mais lenta do que um PAC!”.  
-Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, você realmente se dedicou a isso.
-E é assim que você pode ver a real importância que tem para mim – ela para um instante e olha em meus olhos como se estivesse procurando a verdade ou a razão de minhas palavras por ele.
Entramos em um pequeno prédio de quatro andares em cor marrom feito de mármore, subimos as escadas ate o terceiro andar onde ela abre uma das duas portas branca ao lado esquerdo e me da passagem para entrar primeiro em sua casa, ainda na porta retiro meus sapatos e entro, ela em seguida fecha a porta e entra.
-Fique a vontade – me sento no sofá de couro marrom e olho em volta da casa enquanto ela vai a cozinha preparar o chã.
A minha frente tem uma pequena mesa de café em madeira branca, sob meus pés um tapete felpudo meio bege e a alguns passos da mesa um móvel na cor carvalho onde em cima se deposita uma televisão, em seguida a baixo uma parte aberta cheio de livros e duas portas de armário.  A minha esquerda uma janela que ia quase ao chão coberta por duas cortinas verdes uma de cada lado, já a minha direita tem uma estante na mesma cor que o móvel e abarrotado de variados livros, revistas, mangás e dvds ao seu lado  o caminho da cozinha e ao lado do sofá um corredor.
Alguns minutos depois ela sai da cozinha com uma bandeja contendo duas xicaras de chã.
-Sirva-se – ela dispõe a bandeja na mesa e se senta no chão a minha frente.
-Por que não senta no sofá ao meu lado?
-Sou mais familiarizada com o chão – toma um gole do chã, a acompanho – Está bom?
-Sim, bastante – me curvo sobre a mesa para olhar bem no fundo de seus lindos olhos – Por que me trouxe aqui?
-Pra te perguntar – da outro gole antes de por a xicara de lado - Por que eu? O que te fez prestar atenção em mim?
-Por que esse tipo de pergunta? Você sempre tem um comentário onde desmerece a si mesma. Por que se rebaixa tanto?
-Eu não me rebaixo, eu sempre estive aqui e ninguém jamais olhou para mim, por que você fez isso? Eu quero saber – paro um instante.
-Eu também não sei – suavizo o olhar e dou um longo suspiro – Eu passava todos os dias pela praça e te via ali deitada na porta de uma loja de conveniência, foi quando passei a atravessava a rua bem antes da praça, só para poder ver teu rosto, me intrigava te ver ali todos os dias, mas eu não tinha coragem de parar e falar com você. Foi num dia quando vi ao teu redor uma montanha de garotos e pensei que estava em perigo, sem pensar fui te ajudar.
-Mas eu não estava em perigo.
-Eu também só fui saber disso depois, te acompanhar, conversar com você foi uma das melhores experiências que eu já tive, nem imagina o quanto eu fiquei feliz quando descobri que fui transferido para a mesma escola que você estudava – tomo coragem e acaricio seu rosto – Você é uma pessoa maravilhosa, mas nem você mesma consegue perceber isso.
-Ou na verdade você é cego, e não consegue ver o monstro que esta aqui dentro – aponta para o peito quando faz uma pausa – Todo mundo tem um monstro dentro de si o qual tentamos esconder de todas as maneiras possíveis, mas agora eu deixei o meu livre para que tomasse conta de mim, você simplesmente não o vê – me choco com o que disse de tal maneira que não me lembro direito do que aconteceu depois, só sei que naquela noite, já em minha cama senti agua descer dos meus olhos, apesar de não entender bem o por que, como não a tinha ao meu lado para que meu choro pudesse cessar, deixar que as lagrimas rolassem soltas na espera de que meus pesares fossem embora junto a elas.
POV – Narradora                                                                                             
Alguns dias se seguem e todos os dias sem passar sequer um pela cabeça Brunna vai à porta da loja e ao frio vê a vida passando diante de seus olhos e se fascina com aquilo, a escola já não lhe importa mais e ninguém veio procura-la, ou seja, não fazia diferença alguma se estava viva ou não, porem aquela era uma pergunta que constantemente fazia para si, por que estava viva? E brincava ao responder “Para saber a resposta”, os únicos que a viam são Kaleb que lhe acompanha todos os dias na porta sem cansar e seus tios com quem conversa a cada dois dias que é quando entra na loja.  Brunna já se acostumava com a presença de Kaleb e lhe tinha como alguém com quem pudesse conversar do que mais gostava. As questões da vida.
-Bom dia!
-Dia!
-Sua calcinha esta aparecendo – naquele dia tinha ido de saia
-Eu já não me importo mais.
-Por que esta com tanto descaso consigo mesma?
-Acredito que a coisas mais importantes na vida com que eu deva me preocupar do que se os outros estão ou não vendo minha calcinha, eles não tem nada com isso e sem falar que mesmo eles a vendo não fara com que crie pernas e suma de vista – Kaleb se senta ao seu lado e lhe tampa a calcinha com a saia.
-E por que está deitada de modo aos outros verem sua calcinha?
-Por conforto, é melhor para minhas costas deitar com uma perna dobrada.
-Entendo – levanta a cabeça -Pra onde esta olhando?
-Para o universo, se só a terra já me da muitas duvidas ao que pensar imagina o que o universo esconde?
-Quer virar astronauta pra saber?
-Não, quero apenas pesquisa-lo, andei pegando uns livros na biblioteca e me interessei no assunto, por isso me conveio a parar e pensar no assunto.
-Você lê bastante.
-Você não?
-Não tanto quanto você e sou meio lerdo na leitura, você praticamente engole livros e mais livros, historia após historia. – ela sorri ainda em olhar para ele
-É mais divertido assim, por que ai você emenda uma coisa na outra.
-Mas não te embola a cabeça?
-Pelo contrario, me faz desfazer e compreender a grande bola de lã na minha cabeça.
-Entendo. – dai essa conversa se finda e logo outra vem à ponta da língua, não importa como ou o que é, eles sempre arrumam um assunto para tratar.
Foi um dia como qualquer outro que ocorreu o grande problema. Era perto do horário de saída da escola, Brunna havia acordado um pouco mais tarde que o habitual, enquanto se arruma para sair de casa o sinal toca e os alunos na escola são dispensados para ir embora. Como todo dia, vai atrás de café na melhor cafeteria perto de sua casa e hoje pede um bolinho de chocolate em vez de donuts como geralmente pede, no momento em que espera seu café ficar pronto Kaleb vai a sua procura na porta, mas não a encontra, pondo sua cabeça para dentro da loja descobre que toma café em uma loja perto dali e que logo deve estar chegando.
No mesmo instante em que Brunna paga a Arllete que é a moça que a atende sempre que vai, Hanna toma a decisão de que não deixara que Kaleb a tenha e de que a amiga que tinha desde que era pequena e morava em um orfanato seria sua. Brunna sai da loja e termina seu café em frente a ela para aproveitar a lixeira que ali se encontrava, em seguida da dois passos e pega seu bolinho o terminando antes de chegar em seu ponto onde vê Kaleb sentado no lugar em que deita.
-Não! – grita – Não, não e não, que me tirem tudo, arranquei-me a pele do corpo, mas não tirem a minha sanidade mental – Kaleb entende o que ela diz ao perceber que seu lugar é como algo sagrado para ela e que ele não deveria macular, aquele pequeno lugar era sua única fonte de repouso em dias tão turbulentos, ele se levanta deixando vago o local.
- Desculpa – segura sua cintura tentando fazer com que descansasse a cabeça em seu peito para tentar acalma-la, ela de inicio deixa ser levada, mas sua tentativa falha ao chegar à visita indesejada.
-Brunna – Hanna chama com firmeza e faz Brunna se soltar dos braços de Kaleb        para ver quem falava consigo.
-O que faz aqui? – cerra os olhos            
-Vim te ver – se aproxima
-Por quê?
-Por que gosto de você.
-Não! – o interior de Brunna totalmente bagunçado, ela estava começando a entrar em colapso com tudo aquilo, não suportava mais a falsidade das pessoas a sua volta, queria ir embora e descansar, mas foi agarrada pelos braços e obrigada a olhar nos olhos de Hanna.
-Gosto sim, eu te amo Brunna, te quero.
-Não! – não suportaria por muito tempo àquela situação que lhe dava nojo.
-Eu sempre gostei de ti, desde que éramos pequenas, sempre tive muita consideração por você.
-Para, por favor. – Brunna já não aguentava mais e logo desabaria, sua voz era de choro e isso não era um pedido, ela estava implorando, Kaleb percebe e tenta tira-la das mãos de Hanna, porem a mesma ainda não tinha terminado tudo o que tinha para falar.
-Quando fui adotada morri de medo de te perder, sei que fiz muita coisa errada e lhe peço perdão por tudo o que fiz, de me mais uma chance que te farei muito feliz.
-PARA! – empurra Hanna com força e quase a faz bater na parede atrás de si, olha com espanto no rosto da amiga e depois pro de Kaleb – Monstros! – grita e se vira para a rua.
Um caminhão que vinha entregar uma mercadoria a uma loja de roupas sai da garagem enquanto Brunna explodia mais uma vez; ao mesmo tempo em que Brunna se vira furiosa para rua na intenção de fugir daquele inferno que se passava dentro e fora de sua cabeça, o caminhão se aproximava de onde ela se encontrava. Como um minuto faz diferença, um minuto é algo muito poderoso, tanto é em um minuto que uma vida vem como uma vida vai, pois foi por esse mesmo minuto que Brunna foi pega pelo caminhão e arremessada a quase cinco metros de distancia.
(Momento para o choque)
Foi um grande alvoroço, Kaleb corre para ajuda-la e Hanna corre para longe daquele lugar com medo, o motorista desce da cabine com certa dificuldade pela gordura localizada e vai prestar ajuda ligando para uma ambulância, pois Brunna já se encontrava desacordada no chão e com um corte na cabeça por onde jorrava sangue, Kaleb estava aos prantos, não conseguiu solta-la ate que a ambulância chega-se e a levasse.
POV – Kaleb
-Qual é o estado dela doutor? – estou muito nervoso pela resposta.
-Sinceramente é um dos melhores que já vi na vida, não sofreu sequela nenhuma e nem traumatismo craniano, mas ficou com uma pequena, digamos, turbulência.
-Que tipo de turbulência doutor?
-Ela sofreu uma pancada forte demais em uma região especifica da cabeça e isso prejudicou sua memoria, todos os dias ao acordar seu cérebro terá que ser estimulado a lembrar das coisas, memorias passadas.
-Estimulado de que forma?
-Vai depender muito do estado em que acordara, pode ser que recorde de tudo com uma simples visão do quarto ou ate mesmo que precise olhar álbuns de fotos ate três vezes para se lembrar de tudo e de todos, o fato é que terá que ter alguém para lhe contar toda a sua vida pelo menos uma vez por semana para que não se esqueça completamente, tem que ter paciência e responder suas perguntas.
-Pode ser que ela venha se esquecer de algo para o resto da vida?
- Sim, caso não seja estimulado, mas não aconselho que isso lhe aconteça, mesmo sendo lembranças ruins são elas que moldam nosso caráter e nossa forma de pensar, caso esqueçamo-nos disso podemos nos tornar pessoas totalmente diferentes do que somos.
-Compreendo doutor, obrigado, será que posso vê-la?
-Ela acabou de sair de uma bateria de exames, deixamos que descanse e assim que acordar faça-lhe uma visita, será muito bom ter alguém que lhe conte o que ocorreu nesses últimos dias – aceno com a cabeça e o vejo ir embora. Brunna havia ficado dois dias em coma, quando finalmente se mexeu e foi sucumbida a vários exames, resistiu a todos e agora já não corre mais nenhum perigo.
(...)
Demorou quase cinco horas para que acorda-se, enquanto dormia fiquei pensando no que realmente eu podia fazer por suas memorias, queria que se esquecesse de seu passado miserável e de sua “amiga” falsaria, que pudesse ter uma vida melhor daqui em diante. Estava em minhas mãos a decisão do que fazer com sua cabeça e principalmente do que lhe fazer lembrar e esquecer para sempre.
-Kaleb certo? – seus olhos mansamente se abrem e me enxergam ao seu lado.                            
-Sim! – lhe acaricio o rosto.
-Eu me lembro de você, das perguntas que me respondeu e das dores que eu te dei.
-Por favor, não se importe com isso, descanse – o que me acontece em seguida é o que me faz tomar a decisão de lhe fazer lembrar-se de tudo o que já lhe havia acontecido, principalmente as desgraças.
-Eu tomei a decisão de deixar você cuidar de mim, você é o melhor capacitado para isso e tenho quase certeza de que posso confiar em ti.  
-Cuidarei de você com todo o carinho.
-Se não cuidar, você me perdera, eu sei me cuidar sozinha, mas quero ver o que me acontece na companhia de alguém - – as memorias não são minhas, são dela, eu não tenho o direito de mexer com isso, mas sim o dever de reforçar sua memoria, ate por que se não fosse por isso ela nunca me deixaria tocar- lhe o rosto, se não fosse o se lembrar ate mesmo da parte ruim que tivemos, quando acordasse eu seria um completo estranho e não teria a oportunidade de passar meu amor.
POV – Narradora
Dois anos depois.
Ela acorda com a claridade entrando por uma fresta descoberta pela cortina, despertando olha em volta, está em seu quarto, raios de sol atravessam o pano e faz com que o quarto ganhe uma coloração vermelha, ao seu lado alguém a abraça. Ela o observa por um tempo e percebendo que o mesmo saiu do mundo dos sonhos fala...
-A gente tá namorando?
Kaleb sem abrir os olhos e com uma voz levemente embriagada de sono responde
-Somos casados meu amor.
 - Ah! – se lembra – Te amo!
E voltou a dormir, se lembrou não de um fato que aconteceu em sua vida já ha algum tempo como o dia do seu casamento, mas sim de que aquilo fora a sua escolha. 

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